domingo, setembro 17, 2006

Recebemos do Dr.Durval Damiani da USP

Cara Dra. Torres,

Eu acabo de vir do 1º Simpósio sobre Anomalias da Diferenciação sexual, que ocorreu na Alemanha (Lubeck), onde tivermos a oportunidade de discutir vários aspectos de tão abrangente tema. Tive a oportunidade de discutir o que escrevi na Carta ao Archives of Diseases in Childhood com o próprio Dr. Hughes e estamos iniciando o planejamento de termos um Simpósio a cada dois anos, alternando com o de Lubeck, onde, aqui em São Paulo, teríamos a oportunidade de discutirmos tão fascinante assunto. Fico à sua disposição para conversarmos e obrigado pelo seu e-mail

Durval Damiani

Um comentário:

OII - Brasil disse...

Prezado Dr.Damiani,

Assuntos de gênero e sexo são sempre muito delicados e afetam muito a vida das pessoas que apresentam um desenvolvimento atípico, seja do sexo, seja do gênero.

Como o senhor deve ter percebido pelas cartas encaminhadas sobre o assunto para o site dos Archives of Deseases in Childhood, muitas consideram inadequada a visão puramente médica como uma DSD os casos de intersexo, principalmente os próprios intersexuais.

Em nossa experiência de 5 anos tratando desses casos, aprendemos a centrar tudo o que fazemos no paciente, sendo o ponto de vista do paciente o mais importante para nós, e não possíveis teorias ou reduções que possamos fazer.

Um evento no Brasil para tratar desses assuntos certamente será muito interessante, principalmente se os pacientes e suas entidades representativas tiverem o devido espaço para que se manifestem, através de associações como a OII-Brasil por exemplo.

Infelizmente, a conceituação do termo DSD foi desenvolvida pela classe médica, a revelia da posição da maioria dos pacientes intersexuais - ouviu-se por exemplo a ISNA - uma sociedade norte-americana restrita apenas e não a OII - que inclusive, como as cartas demonstram, se sentem ofendidos com essa terminologia.
Poderíamos caminhar decisivamente, Dr.Damiani, se pudermos juntar esforços para discutirmos esses assuntos, sempre centrando nossos objetivos no objetivo final de qualquer terapia: o paciente. No caso de assuntos de sexo e gênero, ainda mais.

Estamos abertos a qualquer diálogo, e se houver a oportunidade, gostaríamos imensamente de apresentar a seu grupo/instituição, nossas idéias, métodos, conclusões e como podemos caminhar juntos sobre esse tema.

Atenciosamente,
Waleria Torres, PhD
Gendercare Gender Clinic
OII-Brasil