1) Intersexo não é necessariamente uma condição médica: intersexo diz respeito a individuos que nascem com corpos atípicos, intermediários entre o que é considerado tipicamente masculino ou feminino.
2) Contrariamente ao que vulgarmente se considera, as diversas condições intersexuais não constituem necessariamente uma deformidade ou uma “doença”. A necessidade social de bi-compartimentar de forma sexista as possibilidades humanas é artificial e ideológica. São variações possíveis no desenvolvimento humano, que podem levar a variações na auto-percepção de gênero inclusive, na forma como a pessoa se vê e se percebe.
3) Na realidade, a auto-percepção de gênero é que é o referencial mais importante para a percepção de alguém, seja essa auto-percepção qualquer que ela seja, independentemente das artificialidades de se compartimentalizar sexistamente a sociedade.
4) Rejeitamos a categorização automática e simplista das condições intersexuais como categorias médicas, que podem ser percebidas pelos indivíduos como uma variação natural num sistema caracterizado por sua possível diversidade, o que é uma característica de sistemas complexos derivados de sistemas genéticos.
5) Sexo em nossa sociedade é “tabu”. Essa diversidade possível na complexidade do desenvolvimento humano, se considerada em outros sistemas que não o sexual, seria praticamente desapercebida, muitas das vezes.
6) Advogamos seriamente que uma pessoa não se mede por seus genitais (e nem necessariamente por suas gônadas ou cromossomos). Cada ser humano tem o direito a seu corpo, a seus genitais e a sua auto-identificação, de forma autônoma. Interferências autoritárias e heterônomas sobre o corpo e sobre a identidade são inaceitáveis. A sociedade não tem o direito de interferir, impedindo uma pessoa humana de viver e lutar por viver em harmonia consigo mesma, no seu corpo e em sua auto-percepção.
7) Muitos dos problemas vividos em situações de intersexo, derivam do meio socio-cultural, e nem sempre de uma situação médica. Uma posição sexista limitante da diversidade possível, devido a uma ideologia reprodutiva autoritária com uma longa história em nossa sociedade, chega a mutilar autoritariamente bebês que nascem com genitália atípica, a revelia da vontade da vítima indefesa.
8) Por isso denunciamos toda forma de opressão sexista e autoritária, contra as mulheres, contra as pessoas intersexo e intergênero, contra pessoas com qualquer tipo de disforia de gênero, e outras comunidades oprimidas pela ideologia sexista e reprodutiva vigente.
9) Lutamos por promover nossa visibilidade e o reconhecimento de nossa existência como uma parte natural e portanto normal da humanidade, com o fim de beneficiar não apenas os intersexuais / intergêneros, mas outras minorias oprimidas pelo “status quo” ainda prevalente em nossa humanidade.
segunda-feira, agosto 28, 2006
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